Se escola fosse estádio e educação fosse Copa, por Jorge Portugal
Passei, nesses últimos dias, meu olhar pelo noticiário nacional e não dá outra: copa do mundo, construção de estádios, ampliação de aeroportos, modernização dos meios de transportes, um frenesi em torno do tema que domina mentes e corações de dez entre dez brasileiros.
Há semanas, o todo-poderoso do futebol mundial ousou desconfiar de nossa capacidade de entregar o “circo da copa” em tempo hábil para a realização do evento, e deve ter recebido pancada de todos os lados pois, imediatamente, retratou-se e até elogiou publicamente o ritmo das obras.
Fiquei pensando: já imaginaram se um terço desse vigor cívico-esportivo fosse canalizado para melhorar nosso ensino público? É… pois se todo mundo acha que reside aí nossa falha fundamental, nosso pecado social de fundo, que compromete todo o futuro e a própria sustentabilidade de nossa condição de BRIC, por que não um esforço nacional pela educação pública de qualidade igual ao que despendemos para preparar a Copa do Mundo?
E olhe que nem precisaria ser tanto! Lembrei-me, incontinenti, que o educador Cristovam Buarque, ex-ministro da Educação e hoje senador da República, encaminhou ao Senado dois projetos com o condão de fazer as coisas nessa área ganharem velocidade de lebre: um deles prevê simplesmente a federalização do ensino público, ou seja, nosso ensino básico passaria a ser responsabilidade da União, com professores, coordenadores e corpo administrativo tendo seus planos de carreira e recebendo salários compatíveis com os de funcionários do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal. Que tal? Não é valorizar essa classe estratégica ao nosso crescimento o desejo de todos que amamos o Brasil? O projeto está lá… parado, quieto, na gaveta de algum relator.
O outro projeto, do mesmo Cristovam, é uma verdadeira “bomba do bem”. Leiam com atenção: ele, o projeto, prevê que “daqui a sete anos, todos os detentores de cargo público, do vereador ao presidente da República serão obrigados a matricular seus filhos na rede pública de ensino”. E então? Já imaginaram o esforço que deputados (estaduais e federais), senadores e governadores não fariam para melhorar nossas escolas, sabendo que seus filhos, netos, iriam estudar nelas daqui a sete anos? Pois bem, esse projeto está adormecido na gaveta do senador Antônio Carlos Valladares, de Sergipe, seu relator. E não anda. E ninguém sabe dele.
Desafio ao leitor: você é capaz de, daí do seu conforto, concordando com os projetos, pegar o seu computador e passar um e-mail para o senador Valadares (antoniocarlosvaladares@senador.gov.br) pedindo que ele desengavete essa “bomba do bem”? É um ato cívico simples. Pela educação. Porque pela Copa já estamos fazendo muito mais.
Jorge Portugal é educador, poeta e apresentador de TV. Idealizou e apresenta o programa “Tô Sabendo”, da TV Brasil.
Fonte: Terra Magazine
segunda-feira, 13 de junho de 2011
LETRAS DE MÚSICA DE EDUARDO GUDIN
LETRAS DE MÚSICA DE EDUARDO GUDIN
Mordaça
Composição : Eduardo Gudin/Paulo Cesar Pinheiro
TUDO O QUE MAIS NOS UNIU SEPAROU
TODO O QUE TUDO EXIGIU RENEGOU
DA MESMA FORMA QUE QUIS RECUSOU
O QUE TORNA ESSA LUTA IMPOSSÍVEL E PASSIVA
O MESMO ALENTO QUE NOS CONDUZIU DEBANDOU
TUDO O QUE TUDO ASSUMIU DESANDOU
TUDO QUE SE CONSTRUIU DESABOU
O QUE FAZ INVENCÍVEL A AÇÃO NEGATIVA
É PROVÁVEL QUE O TEMPO FAÇA A ILUSÃO RECUAR
POIS TUDO É INSTÁVEL E IRREGULAR
E DE REPENTE O FUROR VOLTA
O INTERIOR TODO SE REVOLTA
E FAZ NOSSA FORÇA SE AGIGANTAR
MAS SÓ SE A VIDA FLUIR SEM SE OPOR
MAS SÓ SE O TEMPO SEGUIR SEM SE IMPOR
MAS SÓ SE FOR SEJA LÁ COMO FOR
O IMPORTANTE É QUE A NOSSA EMOÇÃO SOBREVIVA
E A FELICIDADE AMORDACE ESSA DOR SECULAR
POIS TUDO NO FUNDO É TÃO SINGULAR
É RESISTIR AO INEXORÁVEL
O CORAÇÃO FICA INSUPERÁVEL
E PODE EM VIDA IMORTALIZAR
UM VELHO ATEU
Um velho ateu
Um bêbado cantor, poeta
Na madrugada cantava essa canção-seresta
Se eu fosse deus
A vida bem que melhorava
Se eu fosse deus
Daria aos que não têm nada
E toda janela fechava
Pros versos que aquele poeta cantava
Talvez por medo das palavras
De um velho de mãos desarmadas
Canção Serena
O meu amor não é mais
Uma nascente de rio
Meu coração já não faz desafios
O meu amor não tem mais
Traços pra ver seu perfil
Mas tem espaços maiores pra guardar
O grande amor, ele pode cuidar
De um grande amor quando está pra chegar
Querendo ouvir canções
Querendo despertar em busca de razões
É preciso entender
Que o tempo é o mestre do jeito de amar
Só ele pra dizer,
E o meu coração
Saber que sabe amar
Das Flores
Flores pra enfeitar seu caminho
É que o amor vai chegando
A tristeza saindo
Deus acho que quis me conquistar
Quando fez a minha amada não demorar
E a mim que creio em nada, acreditar
O que faz um homem mudar
É uma dor, um veneno de um olhar
Depois o que faz acalmar
É um amor mais sereno, vem lá
Flores...
O que faz um homem pensar
É o tempo que vem pra branquear
Cabelos de prata são ouro
Se o amor é um tesouro, guardar
Flores...
O que faz um homem cantar
São as notas de um tempo musical
Amor, alegria, tristeza, saudade
Etc... e tal
Flores...
Verde
Quem pergunta por mim
Já deve saber
Do riso no fim
De tanto sofrer
Que eu não desisti
Das minhas bandeiras
Caminhos, trincheiras da noite
Eu que sempre apostei
Na minha paixão
Guardei um país
No meu coração
Um foco de Liz
Seduz a razão
De repente a visão da esperança!
Quis este sonhador
Aprendiz de tanto suor
Ser feliz num gesto de amor
Meu país acendeu a cor
Verde as matas no olhar
Ver de perto
Ver de novo um lugar
Ver adiante
Sede de navegar
Verdejantes tempos
Mudança dos ventos no meu coração
Luzes da Mesma Luz
Nós
Almas tão irmãs
Gêmeas na paixão
Corpos que se dão
Em busca de prazer
Deve ser
O destino que cruzou
Os nossos instintos pra fazer
De tantos carinhos o porquê
Da vida em comum
Nós
Pétalas sem flor
Pérolas de um mar
Que ninguém nadou
Nos cabe navegar
Mergulhar
Descobrir o que é que há
No fundo mais fundo em nosso ser
Se quem naufragou no bem querer
Pode se salvar
Pra onde irá?
Que barcos virão pra resgatar
Os sobreviventes da ilusão
No meio do mar da solidão?
Melhor nem pensar
Cá estamos nós
Amor faça jus
A quem ama em paz
Luzes da mesma luz
Ângulos
Curvas dos sapatos
Espelhando esquinas
Números exatos
Cortam-se na brisa
Sóis luzem nos dentes
Você me diz
Vamos parar
Os ângulos retos
Domam seus cabelos
Automóveis pretos
Refletem sapatos
Lábios quase opacos
Você me diz Vamos parar
Na sua voz
Passam tantas notas
Que não param pra notar
Dedos na mão
Que dorme à sombra do momento
Contam tempos soltos pelo bar
E o amor
Nuvem nos topos
Não encontra lagos
A curva dos copos
Reflete automóveis
Olhos quase secos
Você me diz Vamos parar
Lágrima no pelo
Espelhando a nuvem
Álcool sobre o gelo
Nenhuma palavra
Unhas sobre a louça
Você me diz
Vamos parar
Neo-Brasil
Brasileiro como eu
Quando o carnaval chegar
Tem o mundo pra sonhar
Nas cores das escolas
Brasileiro como eu
Mede força desigual
No samba de um planeta que nos encolheu
Mesmo assim brilha porque
Batem palmas pra valer
Pois é sempre um grande ator
No palco da comédia
Todo ano o samba sai
São 500 pra inglês ver
Darcy Ribeiro disse que eu sou mais
Sim, sou brasileiro
Quem tem pena de mim?
É que eu sou mandingueiro
É que eu vou rir no fim
Eu sei, eu canto assim porque
O samba é como a vida
É sempre alegre e triste ao mesmo tempo
E o seu lamento faz viver
Brasileiro como eu
Não tem jeito de mudar
Só precisa acreditar na noite das panelas
Um barulho acordar
As pessoas que estão lá
Por elas fica tudo como está
Obrigado
Venho
Apesar desse resto de mágoa
Pra lhe dizer
Obrigado à você
Que já não me importa
Se o amor foi de guerra ou de paz
Meu caminho começa
Onde o tempo começa a contar
Quanto tempo faz
Nada nas mãos
Nem ao menos saudades
De uma canção
Mesmo assim é um prazer
Saber que eu me sinto à vontade
Pra lhe agradecer
Pelas horas, mil horas num dia
Mil dias, mil formas de se viver
Ah! Por que solidão,
Por que não prazer
Por que foi assim ou deixou de ser,
Por que era calmo de enlouquecer
Ou eram ventos mais violentos
De naufragar
Mesmo assim fomos contra a corrente
Buscando algum porto
Pra se chegar
Mordaça
Composição : Eduardo Gudin/Paulo Cesar Pinheiro
TUDO O QUE MAIS NOS UNIU SEPAROU
TODO O QUE TUDO EXIGIU RENEGOU
DA MESMA FORMA QUE QUIS RECUSOU
O QUE TORNA ESSA LUTA IMPOSSÍVEL E PASSIVA
O MESMO ALENTO QUE NOS CONDUZIU DEBANDOU
TUDO O QUE TUDO ASSUMIU DESANDOU
TUDO QUE SE CONSTRUIU DESABOU
O QUE FAZ INVENCÍVEL A AÇÃO NEGATIVA
É PROVÁVEL QUE O TEMPO FAÇA A ILUSÃO RECUAR
POIS TUDO É INSTÁVEL E IRREGULAR
E DE REPENTE O FUROR VOLTA
O INTERIOR TODO SE REVOLTA
E FAZ NOSSA FORÇA SE AGIGANTAR
MAS SÓ SE A VIDA FLUIR SEM SE OPOR
MAS SÓ SE O TEMPO SEGUIR SEM SE IMPOR
MAS SÓ SE FOR SEJA LÁ COMO FOR
O IMPORTANTE É QUE A NOSSA EMOÇÃO SOBREVIVA
E A FELICIDADE AMORDACE ESSA DOR SECULAR
POIS TUDO NO FUNDO É TÃO SINGULAR
É RESISTIR AO INEXORÁVEL
O CORAÇÃO FICA INSUPERÁVEL
E PODE EM VIDA IMORTALIZAR
UM VELHO ATEU
Um velho ateu
Um bêbado cantor, poeta
Na madrugada cantava essa canção-seresta
Se eu fosse deus
A vida bem que melhorava
Se eu fosse deus
Daria aos que não têm nada
E toda janela fechava
Pros versos que aquele poeta cantava
Talvez por medo das palavras
De um velho de mãos desarmadas
Canção Serena
O meu amor não é mais
Uma nascente de rio
Meu coração já não faz desafios
O meu amor não tem mais
Traços pra ver seu perfil
Mas tem espaços maiores pra guardar
O grande amor, ele pode cuidar
De um grande amor quando está pra chegar
Querendo ouvir canções
Querendo despertar em busca de razões
É preciso entender
Que o tempo é o mestre do jeito de amar
Só ele pra dizer,
E o meu coração
Saber que sabe amar
Das Flores
Flores pra enfeitar seu caminho
É que o amor vai chegando
A tristeza saindo
Deus acho que quis me conquistar
Quando fez a minha amada não demorar
E a mim que creio em nada, acreditar
O que faz um homem mudar
É uma dor, um veneno de um olhar
Depois o que faz acalmar
É um amor mais sereno, vem lá
Flores...
O que faz um homem pensar
É o tempo que vem pra branquear
Cabelos de prata são ouro
Se o amor é um tesouro, guardar
Flores...
O que faz um homem cantar
São as notas de um tempo musical
Amor, alegria, tristeza, saudade
Etc... e tal
Flores...
Verde
Quem pergunta por mim
Já deve saber
Do riso no fim
De tanto sofrer
Que eu não desisti
Das minhas bandeiras
Caminhos, trincheiras da noite
Eu que sempre apostei
Na minha paixão
Guardei um país
No meu coração
Um foco de Liz
Seduz a razão
De repente a visão da esperança!
Quis este sonhador
Aprendiz de tanto suor
Ser feliz num gesto de amor
Meu país acendeu a cor
Verde as matas no olhar
Ver de perto
Ver de novo um lugar
Ver adiante
Sede de navegar
Verdejantes tempos
Mudança dos ventos no meu coração
Luzes da Mesma Luz
Nós
Almas tão irmãs
Gêmeas na paixão
Corpos que se dão
Em busca de prazer
Deve ser
O destino que cruzou
Os nossos instintos pra fazer
De tantos carinhos o porquê
Da vida em comum
Nós
Pétalas sem flor
Pérolas de um mar
Que ninguém nadou
Nos cabe navegar
Mergulhar
Descobrir o que é que há
No fundo mais fundo em nosso ser
Se quem naufragou no bem querer
Pode se salvar
Pra onde irá?
Que barcos virão pra resgatar
Os sobreviventes da ilusão
No meio do mar da solidão?
Melhor nem pensar
Cá estamos nós
Amor faça jus
A quem ama em paz
Luzes da mesma luz
Ângulos
Curvas dos sapatos
Espelhando esquinas
Números exatos
Cortam-se na brisa
Sóis luzem nos dentes
Você me diz
Vamos parar
Os ângulos retos
Domam seus cabelos
Automóveis pretos
Refletem sapatos
Lábios quase opacos
Você me diz Vamos parar
Na sua voz
Passam tantas notas
Que não param pra notar
Dedos na mão
Que dorme à sombra do momento
Contam tempos soltos pelo bar
E o amor
Nuvem nos topos
Não encontra lagos
A curva dos copos
Reflete automóveis
Olhos quase secos
Você me diz Vamos parar
Lágrima no pelo
Espelhando a nuvem
Álcool sobre o gelo
Nenhuma palavra
Unhas sobre a louça
Você me diz
Vamos parar
Neo-Brasil
Brasileiro como eu
Quando o carnaval chegar
Tem o mundo pra sonhar
Nas cores das escolas
Brasileiro como eu
Mede força desigual
No samba de um planeta que nos encolheu
Mesmo assim brilha porque
Batem palmas pra valer
Pois é sempre um grande ator
No palco da comédia
Todo ano o samba sai
São 500 pra inglês ver
Darcy Ribeiro disse que eu sou mais
Sim, sou brasileiro
Quem tem pena de mim?
É que eu sou mandingueiro
É que eu vou rir no fim
Eu sei, eu canto assim porque
O samba é como a vida
É sempre alegre e triste ao mesmo tempo
E o seu lamento faz viver
Brasileiro como eu
Não tem jeito de mudar
Só precisa acreditar na noite das panelas
Um barulho acordar
As pessoas que estão lá
Por elas fica tudo como está
Obrigado
Venho
Apesar desse resto de mágoa
Pra lhe dizer
Obrigado à você
Que já não me importa
Se o amor foi de guerra ou de paz
Meu caminho começa
Onde o tempo começa a contar
Quanto tempo faz
Nada nas mãos
Nem ao menos saudades
De uma canção
Mesmo assim é um prazer
Saber que eu me sinto à vontade
Pra lhe agradecer
Pelas horas, mil horas num dia
Mil dias, mil formas de se viver
Ah! Por que solidão,
Por que não prazer
Por que foi assim ou deixou de ser,
Por que era calmo de enlouquecer
Ou eram ventos mais violentos
De naufragar
Mesmo assim fomos contra a corrente
Buscando algum porto
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