segunda-feira, 13 de junho de 2011

Se escola fosse estádio e educação fosse Copa, por Jorge Portugal

Se escola fosse estádio e educação fosse Copa, por Jorge Portugal


Passei, nesses últimos dias, meu olhar pelo noticiário nacional e não dá outra: copa do mundo, construção de estádios, ampliação de aeroportos, modernização dos meios de transportes, um frenesi em torno do tema que domina mentes e corações de dez entre dez brasileiros.

Há semanas, o todo-poderoso do futebol mundial ousou desconfiar de nossa capacidade de entregar o “circo da copa” em tempo hábil para a realização do evento, e deve ter recebido pancada de todos os lados pois, imediatamente, retratou-se e até elogiou publicamente o ritmo das obras.

Fiquei pensando: já imaginaram se um terço desse vigor cívico-esportivo fosse canalizado para melhorar nosso ensino público? É… pois se todo mundo acha que reside aí nossa falha fundamental, nosso pecado social de fundo, que compromete todo o futuro e a própria sustentabilidade de nossa condição de BRIC, por que não um esforço nacional pela educação pública de qualidade igual ao que despendemos para preparar a Copa do Mundo?

E olhe que nem precisaria ser tanto! Lembrei-me, incontinenti, que o educador Cristovam Buarque, ex-ministro da Educação e hoje senador da República, encaminhou ao Senado dois projetos com o condão de fazer as coisas nessa área ganharem velocidade de lebre: um deles prevê simplesmente a federalização do ensino público, ou seja, nosso ensino básico passaria a ser responsabilidade da União, com professores, coordenadores e corpo administrativo tendo seus planos de carreira e recebendo salários compatíveis com os de funcionários do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal. Que tal? Não é valorizar essa classe estratégica ao nosso crescimento o desejo de todos que amamos o Brasil? O projeto está lá… parado, quieto, na gaveta de algum relator.

O outro projeto, do mesmo Cristovam, é uma verdadeira “bomba do bem”. Leiam com atenção: ele, o projeto, prevê que “daqui a sete anos, todos os detentores de cargo público, do vereador ao presidente da República serão obrigados a matricular seus filhos na rede pública de ensino”. E então? Já imaginaram o esforço que deputados (estaduais e federais), senadores e governadores não fariam para melhorar nossas escolas, sabendo que seus filhos, netos, iriam estudar nelas daqui a sete anos? Pois bem, esse projeto está adormecido na gaveta do senador Antônio Carlos Valladares, de Sergipe, seu relator. E não anda. E ninguém sabe dele.

Desafio ao leitor: você é capaz de, daí do seu conforto, concordando com os projetos, pegar o seu computador e passar um e-mail para o senador Valadares (antoniocarlosvaladares@senador.gov.br) pedindo que ele desengavete essa “bomba do bem”? É um ato cívico simples. Pela educação. Porque pela Copa já estamos fazendo muito mais.

Jorge Portugal é educador, poeta e apresentador de TV. Idealizou e apresenta o programa “Tô Sabendo”, da TV Brasil.

Fonte: Terra Magazine

LETRAS DE MÚSICA DE EDUARDO GUDIN

LETRAS DE MÚSICA DE EDUARDO GUDIN




Mordaça

Composição : Eduardo Gudin/Paulo Cesar Pinheiro

TUDO O QUE MAIS NOS UNIU SEPAROU

TODO O QUE TUDO EXIGIU RENEGOU

DA MESMA FORMA QUE QUIS RECUSOU

O QUE TORNA ESSA LUTA IMPOSSÍVEL E PASSIVA

O MESMO ALENTO QUE NOS CONDUZIU DEBANDOU

TUDO O QUE TUDO ASSUMIU DESANDOU

TUDO QUE SE CONSTRUIU DESABOU

O QUE FAZ INVENCÍVEL A AÇÃO NEGATIVA

É PROVÁVEL QUE O TEMPO FAÇA A ILUSÃO RECUAR

POIS TUDO É INSTÁVEL E IRREGULAR

E DE REPENTE O FUROR VOLTA

O INTERIOR TODO SE REVOLTA

E FAZ NOSSA FORÇA SE AGIGANTAR

MAS SÓ SE A VIDA FLUIR SEM SE OPOR

MAS SÓ SE O TEMPO SEGUIR SEM SE IMPOR

MAS SÓ SE FOR SEJA LÁ COMO FOR

O IMPORTANTE É QUE A NOSSA EMOÇÃO SOBREVIVA

E A FELICIDADE AMORDACE ESSA DOR SECULAR

POIS TUDO NO FUNDO É TÃO SINGULAR

É RESISTIR AO INEXORÁVEL

O CORAÇÃO FICA INSUPERÁVEL

E PODE EM VIDA IMORTALIZAR





UM VELHO ATEU

Um velho ateu

Um bêbado cantor, poeta

Na madrugada cantava essa canção-seresta



Se eu fosse deus

A vida bem que melhorava

Se eu fosse deus

Daria aos que não têm nada



E toda janela fechava

Pros versos que aquele poeta cantava

Talvez por medo das palavras

De um velho de mãos desarmadas



Canção Serena

O meu amor não é mais

Uma nascente de rio

Meu coração já não faz desafios

O meu amor não tem mais

Traços pra ver seu perfil

Mas tem espaços maiores pra guardar



O grande amor, ele pode cuidar

De um grande amor quando está pra chegar

Querendo ouvir canções

Querendo despertar em busca de razões

É preciso entender

Que o tempo é o mestre do jeito de amar

Só ele pra dizer,

E o meu coração

Saber que sabe amar

Das Flores

Flores pra enfeitar seu caminho

É que o amor vai chegando

A tristeza saindo

Deus acho que quis me conquistar

Quando fez a minha amada não demorar

E a mim que creio em nada, acreditar



O que faz um homem mudar

É uma dor, um veneno de um olhar

Depois o que faz acalmar

É um amor mais sereno, vem lá

Flores...

O que faz um homem pensar

É o tempo que vem pra branquear

Cabelos de prata são ouro

Se o amor é um tesouro, guardar

Flores...

O que faz um homem cantar

São as notas de um tempo musical

Amor, alegria, tristeza, saudade

Etc... e tal

Flores...

Verde

Quem pergunta por mim

Já deve saber

Do riso no fim

De tanto sofrer

Que eu não desisti

Das minhas bandeiras

Caminhos, trincheiras da noite



Eu que sempre apostei

Na minha paixão

Guardei um país

No meu coração

Um foco de Liz

Seduz a razão

De repente a visão da esperança!

Quis este sonhador

Aprendiz de tanto suor

Ser feliz num gesto de amor

Meu país acendeu a cor



Verde as matas no olhar

Ver de perto

Ver de novo um lugar

Ver adiante

Sede de navegar

Verdejantes tempos

Mudança dos ventos no meu coração

















Luzes da Mesma Luz

Nós

Almas tão irmãs

Gêmeas na paixão

Corpos que se dão

Em busca de prazer

Deve ser

O destino que cruzou

Os nossos instintos pra fazer

De tantos carinhos o porquê

Da vida em comum



Nós

Pétalas sem flor

Pérolas de um mar

Que ninguém nadou

Nos cabe navegar

Mergulhar

Descobrir o que é que há



No fundo mais fundo em nosso ser

Se quem naufragou no bem querer

Pode se salvar

Pra onde irá?

Que barcos virão pra resgatar

Os sobreviventes da ilusão

No meio do mar da solidão?

Melhor nem pensar



Cá estamos nós

Amor faça jus

A quem ama em paz

Luzes da mesma luz













Ângulos

Curvas dos sapatos

Espelhando esquinas

Números exatos

Cortam-se na brisa

Sóis luzem nos dentes

Você me diz

Vamos parar

Os ângulos retos

Domam seus cabelos

Automóveis pretos

Refletem sapatos

Lábios quase opacos

Você me diz Vamos parar

Na sua voz

Passam tantas notas

Que não param pra notar

Dedos na mão

Que dorme à sombra do momento

Contam tempos soltos pelo bar

E o amor

Nuvem nos topos

Não encontra lagos

A curva dos copos

Reflete automóveis

Olhos quase secos

Você me diz Vamos parar

Lágrima no pelo

Espelhando a nuvem

Álcool sobre o gelo

Nenhuma palavra

Unhas sobre a louça

Você me diz

Vamos parar

Neo-Brasil

Brasileiro como eu

Quando o carnaval chegar

Tem o mundo pra sonhar

Nas cores das escolas

Brasileiro como eu

Mede força desigual

No samba de um planeta que nos encolheu



Mesmo assim brilha porque

Batem palmas pra valer

Pois é sempre um grande ator

No palco da comédia

Todo ano o samba sai

São 500 pra inglês ver

Darcy Ribeiro disse que eu sou mais



Sim, sou brasileiro

Quem tem pena de mim?

É que eu sou mandingueiro

É que eu vou rir no fim



Eu sei, eu canto assim porque

O samba é como a vida

É sempre alegre e triste ao mesmo tempo

E o seu lamento faz viver



Brasileiro como eu

Não tem jeito de mudar

Só precisa acreditar na noite das panelas

Um barulho acordar

As pessoas que estão lá

Por elas fica tudo como está











Obrigado

Venho

Apesar desse resto de mágoa

Pra lhe dizer

Obrigado à você



Que já não me importa

Se o amor foi de guerra ou de paz

Meu caminho começa

Onde o tempo começa a contar

Quanto tempo faz



Nada nas mãos

Nem ao menos saudades

De uma canção

Mesmo assim é um prazer

Saber que eu me sinto à vontade

Pra lhe agradecer

Pelas horas, mil horas num dia

Mil dias, mil formas de se viver



Ah! Por que solidão,

Por que não prazer

Por que foi assim ou deixou de ser,

Por que era calmo de enlouquecer

Ou eram ventos mais violentos

De naufragar

Mesmo assim fomos contra a corrente

Buscando algum porto

Pra se chegar